A convite do professor de Português do Tomás, fui visitar uma turma de 5º ano para lhes explicar a importância da leitura e da escrita. Assim que cheguei ele olhou para mim e, com um olhar entristecido, desabafou que os miúdos de hoje andam pouco curiosos.
Ao longo de quase uma hora falei, à luz de vários contextos, sobre a importância da nossa língua, chegando mesmo a confessar que um dos mais fortes motivos da minha alegria lusa é ter a incrível riqueza da língua portuguesa à disposição do meu ofício. Mas, cá dentro, só me ecoava o tom sentido com que o professor João Viegas se queixou da falta de curiosidade dos putos.
Será normal que as crianças de hoje não leiam? Será normal que não tenham nem curiosidade nem a consciência da riqueza que lhes é facultada nas escolas em forma de conhecimento?
Numa era em que a tv passa 24 horas por dia de desenhos animados em vários canais; numa época em que a internet é raínha e os jogos de computador e play stations são princípes e o mundo se lhes apresenta como um produto acabado, não seria de esperar esta apatia cerebral por parte das nossas crianças?
É claro que não estou contra o formato que o Mundo adquiriu. Não sou uma aguerrida vingadora das novas tecnologias e meios de comunicação, isso seria uma estupidez. Mas não posso evitar perguntar-me como se pode dar a volta a isto, ainda mais por ter dois filhos! Como poderemos, afinal, aliciar os miúdos a ler e a ter curiosidade em apreender pelo menos uma mínima parte de toda a informação e conhecimento a que têm acesso? Como semeamos a curiosidade nas nossas crianças?
Desta vez a questão fica em aberto. Deixo a “bola” do vosso lado porque está na hora de ir cumprir a mesma missão no 6º - C, a turma do Tomás…
E agora que penso nisto, já decidi: vou perguntar a todos eles do que é precisam para se tornarem mais curiosos!
Ana Amorim Dias
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