Não apoio a violência em circunstância alguma, mas até compreendo que dois gajos andem à pazada por causa de uma mulher. Também não me é difícil conceber que vizinhos se esmurrem por dois metros de terra ou que países entrem em guerra por territórios que ambos reclamam ser seus. Não me escandaliza que haja pessoas a exceder-se nos atos para repôr direitos básicos que lhes foram roubados nem que claques desportivas se engalfinhem devido a resultados dúbios. Mas continuo sem conseguir perceber o motivo que, ao longo da história, mais guerras, injustiças e mortes tem gerado! Por mais voltas que dê à questão, garanto que não percebo como é que as religiões têm trazido tanto mal ao Mundo! É de tal forma grande a minha incrédula incompreensão que tenho que refrear os dedos para não escrever palavrões.
Na minha ingénua maneira de encarar os factos, parece-me que as religiões deveriam servir, única e exclusivamente, para criar pontes entre o Homem e o Divino; para lhe enaltecer as qualidades e aprofundar a bondade, veracidade e perfeição. Em última análise todas as religiões teriam que servir para potenciar a evolução da espécie humana. Mas para que é que as religiões têm servido? Para fomentar guerras “santas”; para gerar ódios seculares e viscerais; para enfiar à força, guela abaixo dos homens, dogmas irrefutáveis, medos descabidos e promessas patológicas.
Mas não se confundam, por favor, com a frieza destas palavras. Acredito no divino. Acredito em Deus, nos milagres e na divindade do Homem. Apenas já vi e pensei o suficiente para perceber que a obra das religiões na sua derradeira função de promover a evolução humana na direção do divino tem sido um redundante fracasso!
E de todas as culpas que as religiões têm, há um atentado que é superior a todos os outros. As religiões, com os seus dogmas chantagistas, têm retirado ao Homem a sua faculdade mais gritante: a capacidade ( obrigação?) de PENSAR. Cada indivíduo que se permite prescindir da mais importante responsabilidade humana, que é pensar, está a cometer o mais grave atentado à humanidade. E fá-lo na cegueira irresponsável de seguir a carneirada, nessa obediência cega à religião que lhe foi, desde a nascença, impingida.
Podem ser escandalosas, estas palavras. Podem ser uma blasfémia, aos olhos de muitos. Mas não peço que deixem de frequentar os templos, de rezar ou de ser crentes. Só apelo a que pensem e comecem de uma vez a experimentar o divino!
Ana Amorim Dias
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