Atribuir frases e aforismos nem sempre é fácil, mas talvez seja legítimo dar a Hemingway os créditos desta pérola: “ For that moment when you are making love with a woman of true greatness you will feel immortal.” Ou então isto é apenas Ernest Heminguay by woody Allan. Não garanto nada. O tema de hoje não são os créditos e sim uma reflexão sobre o sumo que escorre desta oração.
O sexo tem sido alvo de atentados incríveis. Por parte das religiões ( a essas volto um dia destes) e da moral. Em última análise, por parte do Homem e da sua imensa estupidez. Acredito nesta frase. Acredito que quando um homem faz amor com uma mulher grandiosa, chega a haver o momento em que se sente imortal: o fragmento de tempo em que transpõe a barreira do humano e roça na divindade.
Quando um homem encontra uma mulher assim e conquista, mais que o corpo, toda a sua sua essência numa fusão inexplicável, ele torna-se mesmo num Deus imortal. Mesmo que só por momentos. E ninguém me tira da ideia que é exatamente isto que todos buscam sem saber. Muitas vezes da forma errada, julgando que é na quantidade ou no mero contacto físico que tal sublimação se conquista. Mas não. A imortalidade momentânea e a supressão absoluta do medo da morte e da consciência de finitude só se atingem quando a grandiosidade feminina se entrega, para lá do corpo, com a própria essência.
É por isso que o sexo tem sido considerado algo feio; algo a ser castrado e calado: porque é considerado perigoso que o Homem se transmute em Deus. Mesmo que só por momentos.
Ana Amorim Dias
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