O olhar dela brilhou quando me viu chegar.
- Quero um café, se faz favor, Mariana. – Dei-lhe o mais rasgado sorriso. O dia de ambas já tinha algo de bom.
O poder mágico do uso abusivo da simpatia não é novidade. Esta fabulosa descoberta já me surgiu, qual mística revelação, há muitos, muitos anos.
Oscilo entre a mera boa educação dos dias menos apaixonantes e a talvez excessiva simpatia que deve confundir muita gente. A ponto de, às vezes, me parecer ouvir alguns pensamentos alheios a suspirarem: “ Coitada… esta não deve ser muito certa…” Não me importo nem um bocadinho. Se estou feliz, que melhor forma pode haver de transbordar essa boa energia para os outros? E, se não estou, que melhor forma pode existir de a criar de raiz?
Gosto de espalhar simpatia. Consciente ou inconscientemente: é indiferente. Gosto de ver os sorrisos a abrirem-se à minha chegada; de meter conversa com desconhecidos de olhar vazio e notar a diferença em poucos segundos. Gosto de tratar pelo nome quem me serve o café ou me vende o pão. Gosto de ser estúpidamente simpática, mesmo sabendo que, às vezes, posso ser mal interpretada. Gosto de viver num sítio pacato onde ninguém estranha que se diga ”bom dia” a toda a gente. E gosto de saber que, por mais que às vezes me esqueça disto, volto-me sempre a lembrar. Mas o que mais gosto é do ricochete energético que a simpatia emanada sempre me traz de volta!
Distribuir sorrisos, olhares sustentados e palavras amáveis é um investimento de lucros garantidos! Aqui não há risco de perdas nem crises que afetem este mercado de importantes valores. A equação é simples: somamos as nossas demonstrações de simpatia a uma pura sinceridade, multiplicamos pelas pessoas a quem a destribuímos e ela vai-se exponenciar em imediatos efeitos benéficos, não só em nós como em todas as pessoas que se cruzem no caminho dos destinatários da nossa simpatia. É como uma praga, garanto-vos! Mas das boas, claro!
Ana Amorim Dias
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