- Larga o meu bebé! – costumo dizer ao João quando ele irrita o Tomás. Riem-se os dois sem perceber porque é que é sempre o mais velho que eu trato por “meu bebé”.
Desconfio que os filhos mais velhos, muito mais que os seguintes, guardam eternamente o estatuto de “bebés”. Ou então sou só eu que penso assim por ter algum dos “chips” da maternidade avariado.
O Tomás nasceu comprido e magricela e, ao fim de poucos meses parecia um verdadeiro Buda. Um Buda convicto, gordinho e calmo, que nos prendia o olhar deliciado. As gordurinhas de bebé há muito que desapareceram, mas desconfio que a pose relaxada de Pachá será para sempre a sua imagem de marca. Tendo uma mãe tão frenética e um pai tão ativo, já me tenho perguntado como é que “saiu” com esta essência tão: “leve, leve e devagarinho”. Mas cada um é como é e este meu “pequeno” Buda é tranquilo, doce e muito, muito, meigo.
Agora que já o vou vendo no seu jeito de rapaz, não me consigo impedir de gabar a sorte da moçoila que venha a amar. Da mesma forma que gabo a minha própria sorte por nunca me ter feito chorar e me fazer rir a toda a hora. Gabo a sorte de o ter na minha vida e bendigo o dia em que, há onze anos, o vi pela primeira vez ao vivo. Reconheço a minha sorte e agradeço-a todos os dias, mesmo naqueles breves momentos em que faz as suas leves birras em que a beiça de baixo lhe desce até ao umbigo.
O meu pequeno Buda tranformou-se num homenzinho de nobres sentimentos e coração de anjo. Com ele posso desabafar e até já lhe peço conselhos. Já quer que lhe leia o que escrevo e me dá abraços confiantes quando estou mais macambuzia. Já somos companheiros cúmplices, formando um grupo de eleite só de dois, com programas só nossos e um entendimento indizível.
Apesar de parecer ter 14 ou 15 anos devido ao do seu metro e setenta ( e de calçar o 42! ), o meu “pequeno” Buda faz hoje 11 anos. Onze anos de vida, sabedoria, e doçura. Onze anos de uma das alegrias mais puras que a vida já me deu!
Ana Amorim Dias
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