(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

24.5.12

Rendição absoluta




    Imagina que aterravas em território inimigo. Imagina que, aos olhos deles, eras um invasor. Mas imagina também que os inimigos eram poucos e que podias dominá-los se quisesses. O que farias?
   Quando pensamos em inimigos temos a visão de pessoas  a quem queremos mal e que nos querem mal a nós também. Mas isto podem ser apenas distorções da realidade.  Se invadimos um território, é natural que não nos vejam com bons olhos e desejem a nossa partida. E se nos sentimos ameaçados, também é normal que vejamos como inimigos as fontes dessas ameaças.
   Como derrotamos o inimigo? Fazendo-lhe mal?  Liquidando-o? Tenho uma opinião contrária que talvez faça de mim uma pessoa muito estúpida. Ou talvez apenas ingénua. Ou, quem sabe,  com vocação para a santidade. Não sei. Apenas sei que o inimigo não se derrota com a guerra e a aniquilação. A única forma lógica, válida e verdadeira de se acabar com o inimigo é fazendo-o entender que somos humanos, como ele. A única maneira de acabar com o inimigo é dando-lhe tanto amor que acabará por se entregar ao único tipo de rendição absoluta que existe: a de nos aceitar e amar de volta.
Ana Amorim Dias

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