Apesar de já pouco recordar sobre o que aprendi nos três anos em que tive Filosofia no liceu, lembro-me que adorava a disciplina. O Professor Furtado não debitava apenas as correntes de pensadores e as suas respostas às grandes perguntas da humanidade. Ele desafiava-nos a pensar por nós próprios e, ao que parece, gostava da minha lógica porque foi sempre generoso nas notas que me deu.
Ontem lembrei-me de algumas das grandes questões filosóficas e respondi-as em segundos. Quem somos? De onde vimos? Para onde vamos? À primeira respondi: o que importa? À segunda respondi: do cocktail genético dos nossos ascendentes. E à terceira, “para onde vamos?”, decidi que, quando lá chegar, logo saberei!
O que importa mesmo questionar é o que é que andamos cá a fazer! O resto não tem a mínima importância. O que é que andamos aqui a fazer? Qual é o sentido da vida? … Pausa… Estou a ouvir-vos a pensar… Caramba! Não acredito que não saibam! Esta é de caras! A resposta é óbvia e, como tal, devia ser quase automática!
O que estamos aqui a fazer? … A VIVER!!! Certo? É isto, não é? Podem pensar de diferente forma que não vos dou má nota por isso, mas pensam lá comigo: o que andamos cá a fazer não é a viver? A experimentar, a aprender, a pensar, a sentir, a evoluir e a emocionar-nos. Talvez algumas pessoas não percebam o sentido da vida por isso mesmo, por se esquecerem de o fazer. Ou por não sabererem como se vive, não sei… Correndo o risco de fazer uma afirmação tão brilhante como a da Dona Caneças, vou dizer que estar vivo é diferente de viver. Mas é que é mesmo! Uma pessoa pode estar viva, respirar e ter os órgãos todos a funcionar em pleno e, ainda assim, não estar de facto a viver. Já me entenderam, certo? Respirar não é estar vivo de verdade. Estar mesmo vivo é acionar a toda a hora a apaixonada loucura de pensar e sentir. Estar realmente vivo é procurar incessantemente as emoções, o conhecimento e a evolução. Há muitas pessoas que apenas respiram e, com esse pequeno e constante sopro de oxigénio, arrastam-se pela existência sem a mínima consciência do que estão a fazer. E há outras, meus caros, que a dada altura do percurso, se recordam do que cá andam a fazer e começam realmente a viver.
Não sei se o professor Furtado lerá esta crónica e nem sequer posso dizer que a aprovação deste meu ídolo da juventude seja assim tão importante mas, tanto quanto o lhe recordo a vitalidade, creio que concordará comigo.
Ana Amorim Dias
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