Ontem, perante uma plateia muito reduzida, comecei a dissertar sobre o facto de não fazermos escolhas.
- Nós nunca fazemos escolhas – Ouvi-me eu a dizer, com alguma surpresa – nós sabemos sempre o que queremos e não queremos, se é pela esquerda ou pela direita, se nos apetece carne ou peixe, se isto ou aquilo nos faz sentir bem ou mal.
E elas olhavam para mim com atenção.
- Nós nunca fazemos escolhas, porque o nosso coração sabe sempre tudo com uma certeza absoltuta – Continuei – a única coisa importante, é saber como ouvi-lo!
Agora, que me lembro do que ontem à noite disse, percebo que o derradeiro motivo de não sabermos escutar o nosso coração/essência, é sermos animais sociais. Esquecemos como se ouve o nosso interior por “respeito” aos outros.
Se somos expansivos, invadimos o espaço alheio; se não somos, implodimos. Se somos totalmente sinceros, ferimos; se não somos, prejudicamos. Se somos impulsivos, damos ideias erradas; se não somos, contribuímos para uma humanidade mais fria. Se somos servis com os outros, somos carrascos connosco. Se somos constantes, não evoluímos; se evoluímos, tiramos a segurança aos demais. Se somos falsos connosco, agradamos aos outros; se somos verdadeiros connosco, lançamos o caos no Mundo. Mas, como diz uma pessoa que muito amo: " ...não te preocupes se por vezes lanças o caos, minha filha, pois é dele que nasce sempre a luz e o ordenamento, não só do cosmo, como de tudo. Por isso continua a espalhar esse tipo de caos!"
É difícil sobreviver incólume no caos que plantamos ao seguirmos a nossa verdade, mas muito mais vale esse caos que nos engole em dificuldades sem fim, do que a pacífica e amorfa vida de quem cede a sua verdade às que os outros que lhes impõem.
Ana Dias
Sem comentários:
Enviar um comentário