Como há bocado consegui vencer a inércia das manhãs de domingo e pôr o corpinho a mexer, fiquei com ideia de que hoje iria escrever sobre as vantagens de vencer a preguiça. Mas o imprevisto aconteceu: enquanto passava os olhos pela revista dominical de um jornal diário, fiquei presa a um artigo. Falava de castidade.
Entre vários testemunhos, teorias e justificações, houve uma que traumatizou: um homem (que nem sequer é padre) afirmava que renuncia ao sexo porque busca a perfeição e a santidade.
“Cum caneco”!! Então quem assegura a continuidade da espécie não pode ser perfeito? Se todos aspirássemos à santidade, a humanidade extinguir-se-ia?? Não faz sentido, porque todos devemos esforçar-nos por chegar o mais perto possível da santidade! Respeito as escolhas de toda a gente, desde que não prejudiquem os demais (não me parece que este senhor prejudique quem quer que seja a não ser, talvez, a namorada) mas isso não invalida que reflita sobre as coisas.
Ao ler a tal reportagem lembrei-me do meu terceiro romance, o “ Orgasmos da Alma” que, apesar do seu forte título, é uma obra absolutamente casta e que mergulha bem fundo em todo o tipo de orgasmos que podemos ter… com a alma. Incrivelmente, o sexo só nele entra na última frase da última página, quando Diego confessa: “Nessa noite tive vários orgasmos da alma… a acompanhar-me os do corpo.”
E porque vos estou a contar isto agora? Para que me sigam o raciocínio: O sexo não é feio. Nem mau. É uma “ferramenta” que, quando bem utilizada, nos eleva para dimensões perfeitas, para lá do tempo e do espaço. É uma maneira sublime de elevação, iluminação e vislumbre do divino. E eu chamo orgasmos da alma às experiências magníficas que vivenciamos sem o corpo e que nos conduzem ao mesmo resultado. Também as sensações de perdão, de amor intenso, de enfrentar medos, de nos superarmos, de aprender ou de apreender conceitos como a beleza ou a arte, têm a capacidade de sublimar a nossa existência.
Somos um todo. Somos metade matéria e metade intangível. Porque não podemos usar tudo o que nos compõe para avançar na nossa evolução pessoal? Conseguem Imaginar como seria o Mundo se todos começassem o dia com um bom orgasmo do corpo? Aposto que os da alma seriam muito mais prolixos e tudo seria melhor.
E isto deixa-me a pensar: será que não são os orgasmos, do corpo e da alma, a mais forte génese da santidade?...
Ana Dias
Sem comentários:
Enviar um comentário