Quando instalei a cronologia no facebook reparei num novo espaço a preencher: o evento da vida. Não sendo este um tema sobre o qual se possa escrever de ânimo leve, deixei-o a levedar cá dentro uns dias para poder escrever e descrever toda a sua importância.
Os eventos da vida são, normalmente, acontecimentos marcantes e bons que se destacam como marcos da nossa existência: o primeiro dia de escola, o dia em que acabamos o curso, o casamento, o filho que nasce, a viagem com que sempre se sonhou… O evento da vida é conhecer a pessoa que nos apaixona, é a conquista profissional e é tudo o que acontece de bom quando lhe marcamos a data.
Mas será só isto? Será que os eventos da vida são apenas as coisas que nos deixam um sorriso triunfante nos lábios e a sensação de realização a invadir-nos os sentidos?
Creio que é tudo isto e muito mais. O evento da vida é algo que pode ( e deve) acontecer todos os dias. É o sorriso cúmplice que damos à nossa “metade”; os beijos lambuzados que os nossos filhos nos dão, depois de mais uma tropelia; é olhar para o céu e apreciar o sol que brilha ou a chuva que cai… O telefonema de um amigo que está longe, um comentário online que nos faz feliz, o beijo na testa da mãe, tudo são eventos da vida, embora se possam repetir com uma cadência constante. O evento da vida é sabermos compreender os motivos alheios; é dar-nos bem com colegas, patrões ou empregados; é saber ser cúmplice e cultivar a cumplicidade. Cada filme que vemos, cada música que ouvimos ou cada cheiro apetitoso que o nosso olfato alcança podem ser eventos da vida. Cada descoberta, cada conhecimento adquirido e cada pergunta que nos “alarga” por dentro, são eventos da vida. Mas é preciso saber, é preciso estar consciente e ter capacidade para apreciar cada pequeno detalhe para poder fazer dele um evento da vida.
Mas há mais. Não são só as coisas boas que compõem os eventos da nossa vida. Pelo contrário. Devemos entender que cada perda, fracasso, dor ou morte também o são. Todas as ocorrências dolorosas que a vida traz acabam por ser, mais cedo ou mais tarde, valiosas nos seus ensinamentos. Talvez até mais do que as coisas simples e boas. Porque são as dores que nos preparam e impulsionam para um novo estado de existência; que nos tornam conscientes do que é realmente importante e nos dão a sabedoria de como viver cada dia como se fosse, efetivamente, o último.
Muito fica por dizer, mas sabem? Não me importo. Porque os melhores eventos da minha vida foram ter descoberto a minha alma escritora e acordar todos os dias com uma vontade incontrolável de escrever… sobre a vida e seus eventos.
Ana Dias
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