- Já não se faz a luta pela luta! – Dizia o senhor, com voz queixosa – Agora fazem as greves a querer melhores salários e condições. Já não há a luta pela luta. –
Como estava a tirar o pão da torradeira não consegui ver quem estava a ser entrevistado no jornal da manhã.
- Luta pela luta? – Pensei. – Mas que raio…? –
Ainda estava a digerir esta quando ouvi a seguinte: - Estamos a fazer greve à crise e à austeridade. –
Boa! ( penso muito logo de manhã!) Então, por essa ordem de ideias, hoje é dia de viver à grande!
Não me entendam mal, nada tenho contra as greves. É um direito e, como tal, pode ser exercido. Mas o que se consegue em concreto com isso? Tirando casos pontuais, que afetam realmente as vidas das pessoas ( estou a lembrar-me de uma, dos camionistas, feita no início do Verão há três anos, que deixou as bombas sem combustível e as prateleiras dos supermercados praticamente vazias ) muitas greves apenas servem para mostrar o descontentamento de quem as faz e diminuir a produtividade. Não me parece que sirvam para muito mais.
No estado de doença terminal em que a nossa economia se encontra, o primeiro passo a dar não deveria ser o de responsabilizar quem geriu mal o país e o colocou nesta miséria? Se os governantes começassem a responder pelos seus desgovernos com a sua liberdade e o seu património, aposto que a raiz da doença seria arrancada e poder-se-ia, então, começar a tratar das suas sequelas até voltarmos a ter um país saudável.
A greve é como uma aspirina de pouco ou nenhum efeito. O que fazia falta era uma cirurgia para extirpar o cancro. Uma intervenção que fosse capaz de expropriar todo o enriquecimento indevido e colocar atrás das grades quem pôs isto neste estado, era a única solução sustentável para pôr este belo país nos carris. Só assim quem se sentasse, depois, nos poleiros, tomaria consciência do que está lá a fazer. E talvez já não fosse preciso haver greves.
Ana Dias
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