Hoje acordei muito cedo, com o som da chuva a cair. Primeiro pensei que estava a sonhar mas, ao abrir os olhos, verifiquei que gotas de água estavam , de facto, a ser vertidas do céu.
- Chuva? Chuva!! CHUVAAAA!!!! Finalmente o bom tempo! -
Com um sorriso consolado, voltei a adormecer: era demasiado cedo para ir para a rua inspirar o fabuloso odor da terra molhada.
Há um qualquer dispositivo em nós que nos faz identificar o céu azul como o derradeiro indicador de bom tempo. Sem dúvida que um sol radioso é mais agradável e menos incomodativo que a chuva. Ou não fosse ele o mais perfeito antídoto para estados depressivos e outras maleitas da alma. Mas sem água não há vida e é por isso que bendizemos os dias cinzentos de chuva, sobretudo depois de tão prolongada ausência.
Voltei a acordar algumas horas mais tarde. O céu continuava cinzento, mas a chuva… nem vê-la. A terra, sequiosa, absorveu tudo num ápice e nem o cheiro de que tanto gosto me chegou a brindar os sentidos.
- Isto é como o choro… - Pensei , mesmo correndo o risco de estar a sublinhar o óbvio. – Esta chuva foi como aquele choro engasgado que não chegamos a chorar. –
E fiquei a magicar se, da mesma forma que chamamos “mau tempo” à tão importante chuva, também não temos por hábito fugir ao nosso “mau tempo” interior, feito de tristezas que nos regam por dentro para nos fazer florescer.
Será que da próxima vez que uma chuva de lágrimas nos vier visitar, vamos fugir, reprimindo-a? Ou devemos deixá-la verter toda a água que as nuvens passageiras da vida nos trazem? Acho que deviamos tentar deixar que chovesse tudo! É que parece-me que só assim é que o nosso sol interior poderá brilhar em todo o seu esplendor….
Ana Dias
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