- “ Importas-te de parar quieta?” –
- “ Hã?” –
- “ Sim! Pára um bocadinho e senta-te sossegada ao pé de nós!”
Quando estavam junto a mim, era quase sempre este o discurso da matriarca de uma família espanhola pela qual tenho grande estima. O meu feitio irrequieto era de tal forma pronunciado que ela me começou a chamar… “culo de mal asiento”…
Passaram muitos anos e já não ando sempre a fazer “ricochete” pelos sítios por onde ando. Mas a sede de conhecimento do mundo e a ânsia de viver, aprender, pensar e emocionar-me, mantém-se inalterada. Às vezes, ao pensar nisto, ainda me lembro da música do António Variações… “só estou bem onde não estou…” porque afinal, não é muito normal que uma pessoa, antes mesmo de chegar à praia, já esteja a antever alguma inquietude e a antecipar a partida. E é então que me pergunto: mas porque raios não és como as pessoas normais, acomodadas no seu canto, sossegadas, conformadas?
Seria certamente mais fácil… mas muito menos inteligente e emocionante! Não estou à espera de descobrir novos continentes nem efectuar outras grandes descobertas, mas o que seria do Mundo se o Marco Polo, o Cristóvão Colombo, o Vasco da Gama e o Pedro Álvares Cabral não tivessem sido “culos de mal asiento”? E se todos os grandes criadores de arte, cientistas, filósofos, etc, tivessem ficado acomodados no seu canto, sossegados e conformados? Que perda isso não seria?
É por isso que me conformo com este “fardo” de ser, mais que um “ culo de mal asiento”, uma “alma de mal asiento”. Porque, por mais que essas características não tragam nenhum benefício ao Mundo, mal também não farão!
Ana Dias
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