Tostas zen
Quando ele entrou na cozinha eu navegava no caos. Mas num caos limpo, coerente, saboroso, tranquilo.
- Não suporto ver isto assim...- e virou costas sem que eu sequer precisasse de o mandar embora. Não me apetecia deixar a minha harmonia ser perturbada por resmunguices rabugentas.
Continuei a colocar o queijo sobre o pão com gentileza; a juntar o molho entre passinhos de dança e a adicionar os restantes ingredientes enquanto cantava a música que passava lá fora. A desorganização foi-se arrumando como que por magia à medida que as tostas iam saindo, apetitosas, da "caliente" tostadeira.
Quando terminei a odisseia perguntei ao Fred:
- Já levitam lá fora na esplanada?-
- O quê?-
- As tostas hoje ainda saíram mais Zen do que é costume! Está com atenção que daqui a pouco começas a vê-los a elevar-se das cadeiras!-
E ele riu-se. Sabe que levitar não levitam, mas lá que se elevam de prazer isso ninguém pode negar!
Podem tentar reproduzir a receita das Tostas Zen de todas as formas possíveis, mas a proporção dos ingredientes (divertimento, carinho, história, etc ) requer uma sabedoria que não está ao alcance de todos...
Ana Amorim Dias
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