Assinar de coração
Ao longo dos últimos dias, ao levar o João às férias ativas, em vez de ir direta ao sítio certo, tenho falhado sempre o alvo. Devia virar logo à esquerda, trezentos metros antes da sua escola, mas vou dar a volta lá ao fundo depois de perceber que estava outra vez no aluado mundo das minhas divagações. Se isto me irrita? Nem um bocadinho. Pelo contrário, traz-me um sorriso feliz: posso falhar o alvo da vida real, mas estou no caminho correto deste crescimento interior.
Ao longo dos últimos anos tenho passado grande parte do meu tempo consciente a escrever em pensamento e, aparentemente, o mecanismo tem-se otimizado com uma tal eficácia que se tem tornado normal funcionar também em pleno não só quando estou a render-me ao sono como a regressar dos seus braços.
Mas foi ontem que tudo ganhou mais sentido. Andei a dar uns retoques de pintura, em paredes cá da quinta e, quando estava a terminar, consciencializei-me da vontade de assinar. Tornou-se óbvio que não iria fazê-lo como em cada crónica e livro, com "Ana Amorim Dias", por isso segui o instinto e assinei de coração.
Quando dei uns quantos passos atrás e ganhei mais perspectiva, consegui uma visão mais abrangente. Entendi finalmente que é assim que assino todas as criações: feliz e...de coração.
Ana Amorim Dias
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