O Joãozinho encontrou no Jorginho um diabrete à sua altura. Não foi à toa que se tornaram melhores amigos. Mas as patifarias dos dois deixam-me quase sempre com um sorriso rasgado ( que só me permito depois do raspanete ) e com a sensação que me estão a ensinar algo muito valioso.
Hoje deixo-vos mais uma das “ Aventuras do João e do Jorginho”.
No domingo, sem que ninguém reparasse, deixaram um ladrilho gravado com os seus nomes lado a lado. Só tenho pena que o tenham feito a lápis de carvão pois a marca não vai durar muito tempo. Menos mal que a fotografia tirada guardará o feito para a posteridade.
Contudo ontem, quando me chamaram a atenção para a marca dos dois, gravada no ladrilho, soube de imediato que havia mais a dizer sobre o caso… porque fiquei a ponderar sobre a necessidade humana de deixar marcas. Lembrei-me logo das gravuras rupestres e de todas as manifestações de arte que os artistas gravam com o seu nome numa esperança enfeitiçada de imortalidade.
- Que giro… - Pensei – Eles são apenas crianças e já tiveram este impulso de imortalidade! - É verdade: com sete anitos apenas, estes dois amigos para a vida quiseram deixar a sua marca, quem sabe para guardar a lembrança da sua amizade e de mais um dia tão feliz.
Isto conduz-me a duas conclusões muito claras: o gene humano de “deixar marca” existe em todos nós e desde a mais tenra idade, e consiste na tentativa inconfessa de gravar para a eternidade os nossos feitos e os momentos que queremos que sejam inesquecíveis.
Por isso, e como os nomes destas duas crianças maravilhosas ficaram gravados a lápis de carvão, vou-lhes dar uma ajudinha e “imortalizar” o momento com mais esta crónica que, claro, vou assinar no final… para deixar a minha marca…
Ana Amorim Dias
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