O Tomás continua a exigir que o vá aconchegar à cama. Mas aquilo não são mimos: a dois meses de fazer onze anos, ele quer é gargalhadas. Junta-se a vontade de rir dele à minha veia pela palhaçada e arma-se o rogobofe.
Ontem fi-lo rir com as minhas patifarias de criança. Mas fiquei transtornada por perceber que, com cinco minutos de conversa, a coisa ficou despachada!! Entre mais duas ou três, a malandrice mais brilhante que tive para contar ao meu filho foi a vez em que desenhei as paredes da garagem dos meus vizinhos com ameixas maduras!
Mas que raio?!? Eu era assim tão certinha? Como? Como foi que isto aconteceu? Será que o meu currículo de malandrices infantis é assim tão insonso? Eu serei eu que não me lembro?
Não posso ficar nesta angústia! Vou almoçar com a minha mãe que, com a sua boa memória, certamente me arrancará de tão terrível aflição. Mas uma coisa é certa: da próxima vez que os meus filhos aumentarem a sua lista de traquinices, vou perceber com mais lucidez que é um património importante… pelo menos para contarem aos filhos quando os forem aconchegar à cama.
Ana Dias
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