- Não vais dar-me nenhum beijo nem dizer “Até logo meu amor”, ouviste?
- Sim, João…
- Então vamos embora.
Eu tinha a ideia que só por altura da escola secundária é que os miúdos começavam com as vergonhas das demonstrações afetivas por parte dos progenitores, mas estou a aperceber-me que nem sempre funciona assim: o Tomás, no 5º ano, não se importa nem um pouco com os apaixonados beijos que à porta da escola lhe lanço, enquanto o João, no 1º, exige ser tratado com uma distância quase impessoal.
O mais velho não se cansa dos dez mimos e aconchegos que, à noite, lhe vou dar à cama. O outro faz-me um sorriso trocista e, já de olhos fechados, apenas espera que eu não o chateie mais.
Pergunto-me com qual das “modalidades” mais me identifico e não encontro resposta… apenas entendo que devo respeitar a forma como cada um quer ser amado. E sinto uma gratidão enorme por ter as duas modalidades: a do ternurento Tomás, que se derrete com mimos, e a do decidido João, esse encantador de seres vivos.
Ana Dias
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