Chego a casa a tempo de fazer o jantar, depois de dois dias fora. Entre burritos, banhos e um casal amigo que telefona a dizer que está a caminho, oiço uma voz a ecoar cá dentro, num espasmo de momentânea lembrança.
A voz é da Isabel, a professora do João, que me disse há dias para levar qualquer coisa para a festa de Natal dos miúdos.
Tinha pensado passar pelo supermercado ou por alguma pastelaria e resolver o problema, como quase sempre faço. Mas algo em mim quis surpreender-me: “ Ana, tu consegues! O João está de molho na banheira e a Miriam só chega daqui a cinco minutos… Vá, começa!”
Espeto com um bom bocado de farinha num alguidar. Junto açucar, leite e dois ovos das simpáticas galinhas da quinta. Vai tudo a olho! Misturo bem com um garfo, que as batedeiras dão muito trabalho a lavar e raramente lhes encontro as pás. Por fim, uma lata de leite condensado cozido e pedacinhos de amêndoa.
Quando eles batem à porta já eu untei o tabuleiro e pus a massa no forno. Nem sequer há dificuldades na temperatura. Vai a 180 graus que, em caso de dúvida, no meio é que está a virtude!
É claro que a quantidade de quadradinhos de bolo que coloco na lata de metal, para o joão levar para a festinha, é bastante inferior à que saiu do forno… mas o certo é que, em mim, aumentou a quantidade da certeza que aquilo que se faz a olho (e na busca incessante de nos tornarmos super pessoas) sai sempre com um sabor delicioso. É que não falha!!
Ana Dias
Sem comentários:
Enviar um comentário