(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

14.12.11

Vai mesmo a olho

   
Chego a casa a tempo de fazer o jantar, depois de dois dias fora. Entre burritos, banhos e um casal amigo que telefona a dizer que está a caminho, oiço uma voz a ecoar cá dentro, num espasmo de  momentânea lembrança.
   A voz é da Isabel, a professora do João, que me disse há dias para levar qualquer coisa para a festa de Natal dos miúdos.
  Tinha pensado passar pelo supermercado ou por alguma pastelaria e resolver o problema, como quase sempre faço. Mas algo em mim  quis surpreender-me: “ Ana, tu consegues! O João está de molho na banheira e a Miriam só chega daqui a cinco minutos… Vá, começa!”
  Espeto com um bom bocado de farinha num alguidar. Junto açucar, leite e dois ovos das simpáticas galinhas da quinta. Vai tudo a olho! Misturo bem com um garfo,  que as batedeiras dão muito trabalho a lavar e raramente lhes encontro as pás. Por fim,  uma lata de leite condensado cozido e pedacinhos de amêndoa.
  Quando eles batem à porta já eu untei o tabuleiro e pus a massa no forno. Nem sequer há  dificuldades na temperatura. Vai a 180 graus que, em caso de dúvida, no meio é que está a virtude!
  É claro que a quantidade de quadradinhos de bolo que coloco na lata de metal, para o joão levar para a festinha,  é bastante inferior à que saiu do forno… mas o certo é que,  em mim, aumentou a quantidade da certeza que aquilo que se faz a olho (e na busca incessante de nos tornarmos super pessoas) sai sempre com um sabor delicioso. É que não falha!!
Ana Dias
 
 

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